Entrevista do advogado Leonardo Antonelli ao Jornal Nacional

Por Jornal Nacional
Dos 11 conselheiros da Petrobras, quatro pediram para deixar o Conselho
de Administração na terça-feira (2).
Os quatro conselheiros decidiram sair depois que o presidente Jair
Bolsonaro indicou o general reformado Joaquim Silva e Luna para substituir
Roberto Castello Branco na presidência da Petrobras. Eles eram indicações
do governo, que tem o controle acionário da companhia. Todos seriam
reconduzidos ao cargo na próxima assembleia geral extraordinária, que
ainda não tem data marcada.
Nos bastidores, os conselheiros disseram que se trata de uma renúncia de
protesto. A Petrobras divulgou as justificativas de cada um na íntegra.
Omar Carneiro da Cunha disse que a mudança proposta pelo governo
federal não está em acordo com as melhores práticas de gestão, nas quais
ele procura guiar sua trajetória empresarial.
Paulo Cesar de Souza e Silva pediu para não ser reconduzido já que seu
mandato será interrompido inesperadamente e reconheceu o excelente
trabalho da diretoria executiva, de funcionários da Petrobras e dos
conselheiros.
João Cox Neto e Nivio Ziviani alegaram razões pessoais para deixar o
conselho.
Especialistas do setor de petróleo disseram ao JN que é a primeira vez que
isso acontece no Conselho de Administração da Petrobras. Não há
precedentes na história da saída de quatro conselheiros de uma vez. A
Petrobras informou que os substitutos indicados pelo governo serão
submetidos ao processo de análise de gestão e integridade da companhia.
Um dos conselheiros que permaneceram acredita que não haverá
interferência na política de preços dos combustíveis. O advogado Leonardo
Antonelli, especialista em direito tributário, representa os acionistas
minoritários.
Eu entendo que a empresa está blindada. Existe um estatuto, ele prevê um
controle absoluto dessa governança inclusive em relação à política de
preços que é um tema que rotineiramente vem sendo debatido nas
reuniões do Conselho de Administração”, disse ele.
O engenheiro David Zylbersztajn, primeiro presidente da Agência Nacional
do Petróleo, afirma que a saída dos conselheiros expôs uma divergência
com o governo.
“O conselheiro de uma empresa não pode primeiro, claro, cometer
nenhuma ilegalidade, nem pode estar junto quando percebe que algumas
coisas podem fugir do que ele entende como desobediência ao estatuto,
desrespeito aos outros acionistas, desrespeito à melhor gestão da empresa.
Então, ele tem responsabilidade pessoal. Tem CPF em jogo”, afirmou.
vídeo da entrevista: globoplay.globo.com/v/9318624/